Durante vinte minutos, o deputado Sandro Mabel (PMDB/GO) falou sobre o 
projeto de lei 4330 de 2004, de sua autoria, mais conhecido como projeto
 de proteção ao trabalhador terceirizado. O parlamentar afirmou que, 
hoje, mais de 15 milhões de trabalhadores terceirizados são regidos 
apenas pela súmula 331 do Tribunal Superior do Trabalho.
 “É uma súmula que orienta essa terceirização, mas não 
protege os trabalhadores terceirizados. Ela é uma súmula que tem feito 
com que o Tribunal possa criar algum tipo de legislação, mas a Câmara 
tem que criar a proteção para 15 milhões de trabalhadores e 
trabalhadores que estão fora da legislação” afirmou.
 Sandro Mabel destacou, ainda, uma notícia, publicada, na semana passada, pelo jornal Correio Braziliense, que tem como título “Calote a terceirizados invade a Esplanada”. Para ele, isso aconteceu porque centrais sindicais, como a CUT, têm bloqueado a votação do projeto.
 “Com nosso projeto, esses trabalhadores estariam 
protegidos, receberiam seus direitos, não estariam, milhares deles, nas 
ruas sem qualquer tipo de proteção. E por que não têm proteção? Porque 
existe, por parte dessa central, o medo de perder uma arrecadação — 
arrecadação de um dinheiro que não vai perder, não. Agora, dizer que 
está defendendo o trabalhador... Não existe defesa de trabalhador 
nenhum! Existe defesa do caixa, existe defesa da arrecadação, porque o 
coitado do trabalhador... E aqui, na Câmara, há centenas de 
trabalhadores terceirizados — terceirizados de forma errada, 
terceirizados por uma ou duas empresas aqui dentro que terceirizam tudo:
 a copeira, o assistente, a vigilância, o cinegrafista, enfim, 
terceiriza todos nesta Câmara. Se o senhor precisar de um mergulhador, 
ela arruma; e, se precisar de um astronauta, dê uma semana, que ela 
também arruma. Isso não é terceirização, é locação de mão de obra. E o 
projeto proíbe essa prática. É isso que tem que acabar!” completou.
 O parlamentar afirmou que dos 21 artigos, 18 são de proteção ao trabalhador. “Será
 o trabalhador mais protegido. Se a empresa desses trabalhadores aqui da
 Câmara amanhã falhar, não haverá perigo, não. O empregador paga, se não
 estiver vigiando. Haverá um fundo, haverá caução, ninguém vai sumir com
 o dinheiro do trabalhador”.
 Parlamentares presentes parabenizaram Sandro Mabel pela iniciativa e 
afirmaram que o projeto é um avanço nas relações de trabalho.
 “Nas décadas de 1930 e 1940, e só para ver a questão médica, nós 
tínhamos clínicos gerais. Logo depois, nós vamos partindo para a 
especialização, e hoje nós tratamos com especialização da 
especialização. Se nós pegarmos as montadoras, as antigas montadoras, 
ainda na faixa de 1910 a 1915, elas eram empresas unas, faziam tudo no 
mesmo lugar. Logo depois se fez a sistematização. Por que será? Porque a
 sistematização deixava o processo mais completo, inteiro, e deixava a 
especialização para que cada um fizesse sua parte. Há pouco tempo, na 
política nacional de leite, eu fui fazer uma visita a vários países, e 
encontrei lugares onde uma parte, na produção leiteira, só faz 
alimentação do gado, a outra só faz ordenha, a outra só faz higiene; é 
completamente departamentalizado. Por quê? Porque isso otimizou, 
qualificou, foi capaz de fazer com maior eficiência por menor custo” afirmou o deputado Alceu Moreira
 “Vivenciei a relação com os funcionários públicos e também 
com as empresas terceirizadas. Tive boas e más experiências nesse setor.
 Considero, portanto, que esse tema esta na Ordem do Dia e V.Exa., de 
forma oportuna, com a autoridade que tem, traz a debate de todos nó” completou o deputado Edinho Araújo.
 O projeto esta na Comissão de Constituição e Justiça da Câmara e deve 
ser votado no dia 4 de setembro. Para finalizar o discurso, Sandro Mabel
 pediu apoio aos colegas na aprovação do PL. “O projeto de 
proteção ao trabalhador terceirizado é importante para o Brasil, é 
importante para o trabalhador, é importante para o desenvolvimento” concluiu.
  
 Leia na íntegra o discurso de Sandro Mabel
 O SR. SANDRO MABEL (PMDB-GO. Sem revisão do orador.) - Obrigado, Presidente Marçal Filho, ilustre representante Estado do Mato Grosso do Sul.
 Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, hoje eu venho falar aqui sobre o
 projeto de proteção ao trabalhador terceirizado. O pessoal que é contra
 o chama de terceirização: Ah, terceirização!. Mas não é um projeto de 
terceirização. Trata-se de um projeto de proteção a 15 milhões de 
trabalhadores terceirizados que estão aí apenas com a Súmula 331.
  
 É uma súmula que orienta essa terceirização, mas não protege os 
trabalhadores terceirizados, Deputado Beto Mansur. Ela é uma súmula que 
tem feito com que o Tribunal possa criar algum tipo de legislação, mas a
 Câmara tem que criar a proteção, Deputado Raul Henry, para 15 milhões 
de trabalhadores e trabalhadores que estão fora da legislação.
 Eu vejo aqui: Calote a terceirizados invade a Esplanada.
 
 Invade a Esplanada porque centrais sindicais, como a CUT, têm bloqueado
 a votação desse projeto. Como nosso projeto, esses trabalhadores 
estariam protegidos, receberiam seus direitos, não estariam, milhares 
deles, nas ruas sem qualquer tipo de proteção.
 
 E por que não têm proteção? Porque existe, por parte dessa centra,l o 
medo de perder uma arrecadação — arrecadação de um dinheiro que não vai 
perder, não.
 
 Agora, dizer que está defendendo o trabalhador... Não existe defesa de 
trabalhador nenhum! Existe defesa do caixa, existe defesa da 
arrecadação, porque o coitado do trabalhador...
 
 E aqui, na Câmara, há centenas de trabalhadores terceirizados — 
terceirizados de forma errada, terceirizados por uma ou duas empresas 
aqui dentro que terceirizam tudo: a copeira, o assistente, a vigilância,
 o cinegrafista, enfim, terceiriza todos nesta Câmara.
  
 Se o senhor precisar de um mergulhador, ela arruma; e, se precisar de 
um astronauta, dê uma semana, que ela também arruma. Isso não é 
terceirização, é locação de mão de obra. E o projeto proíbe essa 
prática. É isso que tem que acabar!
 É por isso, meu Presidente Marçal Filho, que precisamos aprovar esse 
projeto. É de minha autoria. Há quase dez anos nós estamos lutando com 
isso. Quando o Deputado Silvio Costa, esse brilhante Deputado de 
Pernambuco, pegou o projeto na Comissão do Trabalho e o avocou — S.Exa. 
era Presidente daquela Comissão —, fez um bom trabalho para que o 
projeto pudesse andar e seguir para a Comissão de Constituição e 
Justiça.
 
 Na Comissão de Constituição e Justiça, temos um Relator, o Deputado 
Arthur Oliveira Maia, competente e preparado Deputado da Bahia: já foi 
Prefeito, advogado, Deputado Estadual. Agora, como Deputado Federal, 
está fazendo um belo relatório. Mais do que isso, S.Exa. é um Deputado 
que sabe negociar,e tem feito isso.
 
 Hoje temos uma mesa quadripartite em discussão no Palácio do Planalto: 
Governo, centrais, trabalhadores e Parlamentares. Com isso, estamos 
criando condições para que esse projeto possa ser vetado dentro de um 
acordo.
 Agora, Deputado Nelson Marquezelli, dos 21 artigos desse projeto, 
relativos ao trabalho terceirizado, 18 são de proteção ao trabalhador. 
Será o trabalhador mais protegido. Se a empresa desses trabalhadores 
aqui da Câmara amanhã falhar, não haverá perigo, não. O empregador paga,
 se não estiver vigiando. Haverá um fundo, haverá caução, ninguém vai 
sumir com o dinheiro do trabalhador.
 
 Vejo aqui a Dani, minha assessora de imprensa. Ela trabalhava numa 
empresa que prestava serviço para um tribunal. A empresa quebrou, e ela 
ficou quatro anos na Justiça para receber um pedaço dos seus direitos. 
Naquele momento, o seu aluguel não pôde ser pago, assim como outros 
compromissos.
 Por quê? Porque ela não tinha direito.
 
 Deputado Nelson Marquezelli, nós temos 15 milhões de trabalhadores que 
não têm direito, que ficam nessa legislação que não existe. E nós temos 
pessoas criticando o projeto porque não querem que passe, pois nós temos
 problema de arrecadação, problema financeiro. É disso que nós temos que
 passar por cima. Eu não tenho preocupação com arrecadação, não tenho 
preocupação com nada. A minha preocupação é que esses 15 milhões sejam 
protegidos e que as empresas que terceirizam, façam-no da maneira certa.
 Se a pessoa precisa de alguém especializado, a empresa deve ser 
especializada naquilo.
 
 Mais do que isso, nós vamos dar competitividade às empresas 
brasileiras. As empresas brasileiras não podem deixar de ter essa 
competitividade. Nós não queremos terceirizar pelo menor preço. Esse 
projeto não tem precarização. Precarização é o que existe hoje. Não ter 
projeto, não ter legislação, isso é precarizar, isso é jogar 15 milhões 
de trabalhadores na incerteza. Isso nós não podemos continuar a admitir.
 
 Dia 4 de setembro será o dia da votação desse projeto lá na CCJ. 
Depois, como ele é terminativo, deverá seguir para o Senado Federal. 
Mas, como a bancada da turma da arrecadação é grande, talvez venha para o
 Plenário, e nós precisamos que todos os Deputados olhem com carinho, 
olhem com atenção esse projeto. Vamos abrir o coração para dar proteção a
 esses 15 milhões de trabalhadores!
 
 A indústria, as empresas nacionais precisam de condições para obter mão de obra especializada em determinado assunto.
 Cito a PETROBRAS. Quando, lá no fundo do poço, quebra uma broca, a 
PETROBRAS vai buscar lá na Suíça uma empresa que é a única no mundo que 
consegue retirar esse tipo de coisa, porque tem submarinos adequados, 
tem mergulhadores, tem isso, tem aquilo. É a especialização que tem que 
nortear a terceirização, e não ser atividade meio e atividade fim. O 
mundo hoje está muito evoluído, é difícil diferenciar, numa empresa, o 
que é atividade meio do que é atividade fim.
 
 Por exemplo, uma empresa de engenharia média ganha uma licitação de uma
 ponte sobre um rio. Tendo ganhado a licitação, ela terá que fazer 
aquela ponte. Ela vai fazer a ponte, mas não tem um empregado registrado
 na empresa que seja calculista, para calcular a ferragem da ponte, 
enfim, calcular toda a ponte. Assim, ela terceiriza para alguém que é 
especializado em ponte dentro de rio, porque uma ponte dentro de um rio 
sofre o efeito da correnteza, das enchentes. É um cálculo diferente 
daquele feito para uma ponte rodoviária, construída sobre terra. E essa 
empresa que vai fazer o cálculo, também não tem pessoas que fazem 
mergulho para fazer o furo, a fim de saber como é o solo no fundo do 
rio. O que acontece? Ela terceiriza, para gente especializada. Depois de
 feito o cálculo, é preciso fazer a fundação no fundo do rio, concretar,
 levar a ferragem. Uma empresa de engenharia média não tem os 
mergulhadores e o equipamento, as bombas e tudo o mais, para poder sugar
 e fazer a concretagem. Apartir do momento em que essas especializadas, 
que foram terceirizadas, arrancarem a ponte para fora da água, aquela 
empresa assume e leva à frente a ponte, e vai concluí-la com seus 
funcionários, o que é uma coisa normal.
 Portanto, nós temos que entender que o País está evoluindo dia a dia. 
Nós temos que entender que o mundo evolui dia a dia. Hoje nós vemos 
empresas software-house que têm programas complexos e não conseguem 
manter um funcionário para cálculos complexos.
  
 Mas, de repente, dentro de um software que lhe é encomendado, são 
necessários esses cálculos complexos. Assim, a empresa vai lá, 
terceiriza aquela parte, são feitos os cálculos. Volta-se para dentro do
 sistema e cria-se um sistema como um todo, que é uma juntada de várias 
pessoas especializadas nas suas áreas. É assim em todos os pontos.
 Há os que dizem: Não, vai poder terceirizar qualquer coisa. Outro dia, 
fui ao Tribunal Superior do Trabalho e pude ver, Deputado, que lá a 
digitalização dos documentos — que é a atividade fim de um Tribunal —, o
 arquivamento, no subsolo do Tribunal, é feito por empresas 
especializadas, terceirizadas. Isso ocorre lá dentro! E isso acontece no
 Ministério Público também, não tenha dúvida disso. Por quê? Porque, 
quando se vai contratar uma empresa de xerox, de máquinas copiadoras, 
contrata-se uma empresa que fornece as melhores máquinas, a melhor 
assistência técnica. Isso é terceirar. Isso são coisas em que o mundo 
tem evoluído e que têm eficiência.
 
 E isso não é o menor custo; é o melhor custo, Deputado Alceu Moreira, é
 o melhor custo! É o custo com o qual nós podemos fazer com um preço 
menor; porém, essa é mão de obra registrada, é mão de obra 
especializada. Essa mão de obra, a empresa vai 
capacitá-la.Diferentemente do que pode ocorrer hoje — como eu disse, uma
 empresa pode contratar até astronauta —, diferentemente disso, a 
empresa tem que ter um objetivo social único. Se é uma empresa que 
fornece cinegrafista, vai terceirizar cinegrafista, tem que dar curso, 
ser ligada ao sindicato dos cinegrafistas, e daí para frente. E assim, 
com os repórteres e todos mais.
  
 Portanto, entendo que nós precisamos votar um projeto independente das 
bandeiras, porque ele é muito bom para os trabalhadores e é bom também 
para os empregadores. Quando isso soma, é importante. E o País precisa 
evoluir.
 Mas volto a dizer, Deputado Alceu Moreira, antes de passar a palavra a 
V.Exa., o importante éque nós temos que tirar os interessados em 
atrapalhar, e temos que colocar as pessoas para lerem o projeto. Como eu
 disse, trata-se de um projeto de 22 artigos. O art. 22 diz: Este 
projeto entra em vigor na data da sua publicação. Desconsideremos este 
artigo. Dos outros 21 artigos, 18 protegem o trabalhador. Vai ser o 
trabalhador mais protegido de toda a esfera trabalhista, de todo o 
sistema trabalhista brasileiro.
 
 Pois não, Deputado Alceu Moreira.
 O Sr. Alceu Moreira - Sr. Presidente, Deputado Sandro 
Mabel, faço questão de fazer este aparte pela oportunidade, pela 
tempestividade do tema. Se nós observamos, ali nas décadas de 1930 e 
1940, e só para ver a questão médica, nós tínhamos clínicos gerais. Logo
 depois, nós vamos partindo para a especialização, e hoje nós tratamos 
com especialização da especialização. Se nós pegarmos as montadoras, as 
antigas montadoras, ainda na faixa de 1910 a 1915, elas eram empresas 
unas, faziam tudo no mesmo lugar. Logo depois se fez a sistematização. 
Por que será? Porque a sistematização deixava o processo mais completo, 
inteiro, e deixava a especialização para que cada um fizesse sua parte. 
Hápouco tempo, na política nacional de leite, eu fui fazer uma visita a 
vários países, e encontrei lugares onde uma parte, na produção leiteira,
 só faz alimentação do gado, a outra só faz ordenha, a outra só faz 
higiene; écompletamente departamentalizado. Por quê? Porque isso 
otimizou, qualificou, foi capaz de fazer com maior eficiência por menor 
custo.
  
 Então, é o seguinte: se nós temos qualquer coisa da terceirização que 
possa ferir as atividades-fim que os sindicatos tanto trabalham, é 
possível aperfeiçoar-se a lei. O que não se pode é fazer raciocínio 
raso, argumentos reducionistas: é alto ou baixo, gordo ou magro, preto 
ou branco. Não é possível ser generoso na construção da solução das 
relações de trabalho, porque só pode ser de uma coisa ou de outra. Eu 
acho que o seu projeto de lei é muito bom, certamente é possível 
melhorá-lo, mas ele não é contra ninguém, ele é a favor do Brasil, da 
dinâmica de produção numa economia em que o Brasil não é uma ilha e 
precisa ser absolutamente eficiente e competitivo. Parabéns e obrigado!
 
 O SR. SANDRO MABEL - Muito obrigado, Deputado Alceu Moreira.
 É exatamente isso. Hoje, vê-se que a colheita de cana aqui no 
Centro-Oeste acontece num período diferente do da colheita do Nordeste. 
As pessoas que têm colheitadeiras especializadas têm as pessoas que 
dirigem e consertam aquelas colheitadeiras. São verdadeiras equipes, com
 máquinas mais modernas. Essas empresas são terceirizadas, levam seus 
funcionários registrados — funcionários que têm onde dormir, onde comer,
 e tudo mais — para o Nordeste e depois, quando é época de safra do 
Centro-Oeste, vêm aqui para o Centro-Oeste.
 
 Eles vão na economia do salário do funcionário: Não, não é na economia,
 é na eficiência das máquinas. É porque eles colhem não sei quantos 
metros quadrados ou alqueires por dia. Enquanto, se fosse um trabalhador
 com uma máquina normal... Todo ano o fazendeiro não consegue trocar 
aquele monstro de máquina, ele não tem produção, e a máquina fica parada
 6 meses, 8 meses.
 
 Então, Deputado Marçal Filho, nós precisamos da ajuda da sociedade. Nós
 precisamos pedir aos terceirizados que mandem aos Deputados o seu 
e-mail e digam: Deputado, eu sou terceirizado e preciso de um projeto 
que me proteja.
 Agora, dizem: Não, mas vão terceirizar o resto do Brasil. Conversa! 
Vai-se terceirizar o que precisa ser melhorado, é aquilo que eu estava 
falando esses dias. Um médico, um clínico geral, lá do norte do Estado, 
falou assim: Sandro Mabel, veio aqui um menino de 4 anos com o braço 
quebrado, e eu fui mexer no braço do menino, e ele falou assim para mim:
 Não, o senhor não é ortopedista — um menino de 4 anos —, e o meu tio 
falou que eu preciso de um ortopedista. Quer dizer, olha o absurdo a que
 se chega: uma criança saber que precisa, Deputado Missionário, de uma 
especialização.
 
 Agora, nós precisamos de tudo. E um funcionário especializado é mais 
bem treinado. Quem dirige uma colheitadeira de cana moderna vai para a 
escola, aprende, sabe mexer com GPS, colhe mais, ganha pelos alqueires, é
 mais rápido, ele consegue produzir muito mais.
 
 Deputado Arnaldo Jardim, V.Exa., que é um homem progressista, sabe a 
necessidade que nós temos de passar um projeto desses. Nós temos que 
pensar — volto a dizer — que nós temos aí 15 milhões de trabalhadores 
que estão jogados, que estão no limbo jurídico, que não têm essa 
proteção. É essa proteção que nós estamos criando dentro desse processo 
de especialização.
 
 O Sr. Missionário José Olimpio - Permita-me um aparte, Deputado.
 
 O SR. SANDRO MABEL - Pois não, Deputado Missionário.
 
 O Sr. Missionário José Olimpio - Agradeço ao nobre 
Deputado. Eu queria dizer mais. Eu estava até visitando uma das empresas
 em São Paulo, Deputado, que hoje tem de 1.600 a 1.700 funcionários 
terceirizados. Ela faz um trabalho de reflorestamento hoje com a 
Eucatex, a Suzano, a Klabin, e, se realmente isso não acontecer, voltar 
para as empresas, mais de mil funcionários vão perder o emprego. Hoje 
ela dá cesta básica, convênio médico. Então, nós vemos a importância. Eu
 estou a favor do seu projeto, inclusive jápedi para o Deputado 
Esperidião Amin, para o Deputado Paulo Maluf, que estão na Comissão de 
Constituição e Justiça, que possam ajudar, porque esse projeto é de suma
 importância para o País e para os trabalhadores.
  
 O SR. SANDRO MABEL - Muito obrigado, Deputado Missionário.
 É exatamente dessa sua visão que nós precisamos. Nós precisamos ter a 
visão de que estamos dando a chance para aquele funcionário se 
especializar. Mas não é só isso, não.
 
 Deputado Mário Feitoza, se, por exemplo, um azulejista da construção 
civil for funcionário da construtora, quando estiver fazendo alicerce, 
estará mexendo o cimento, se a construção subir um pouco, ele vai por os
 tijolos, vai dar um jeito de dar um acabamento, fazer a massa e, 
depois, vai pregar o azulejo. Ele não sabe pregar azulejo tão bem como 
aquele que é especializado.
 
 Reúnem-se as pessoas e fazem um curso lá no SENAI ou numa empresa 
construtora — conseguem juntar uma turma. Cria-se uma empresa 
terceirizada que só prega azulejo. Enquanto um funcionário destreinado 
prega 20 metros de azulejo por dia, um funcionário especializado prega 
60. Então, hoje ele está num prédio prestando serviço, mas, amanhã, a 
empresa estará em outro prédio.
 
 Mas o que acontece na nossa legislação? Acaba com esse negócio de o 
funcionário terceirizado chegar à construção e o funcionário da 
construtora estar comendo lá no restaurante bonito a comidinha quente, e
 aquele funcionário estar comendo a marmitinha fria debaixo da árvore. 
Isso acaba porque ele exige que, no site onde está localizado, conste o 
fato de que, se o funcionário da construtora ou da empresa estiver sendo
 servido num restaurante, o terceirizado vai estar no mesmo restaurante,
 comendo a mesma comida, nas mesmas condições. Da mesma forma acontece 
com o transporte: às vezes a obra é longe e o terceirizado tem que ir de
 bicicleta ou num ônibus de qualquer jeito, esperar um caminhão. Não. Se
 for transportado por ônibus, o terceirizado também será transportado 
junto.
 
 Ali dentro há um médico do trabalho, Deputado Márcio. Se o médico serve
 aos outros e aquele terceirizado está com dor de cabeça e precisa de um
 comprimido, ele também será atendido ali.
 
 Então, nós vamos igualando e melhorando a condição das pessoas.
  
 É por isso, Sr. Deputado Edinho Araújo, que nós precisamos dar um passo
 à frente; nós precisamos pensar em um Brasil melhor; nós precisamos 
acabar com a barreira dessa visão central que quer só pensar na 
arrecadação e que fica xingando a gente na rua o dia inteiro.
 
 Eu já estive oito vezes enterrado por essa turma. Oito vezes enterrado!
 Eles dizem que eu vou acabar com os trabalhadores. Não! Eu vou dar 
chance àquelejovem que estudou montar a sua empresa, se especializar e 
trabalhar naquilo. Eles querem que todo mundo seja funcionário, seja 
empregado a vida inteira. Eu só progredi porque meu pai conseguiu não 
ser empregado, teve uma chancezinha, montou uma industriazinha e 
conseguiu fazer.
 
 É isto que nós pregamos: dar a chance de pessoas de manutenção irem 
fazer um curso. Eu tinha um gerente que falava: Não, patrão, não dácurso
 para esse povo, não, que eles vão embora. Não! Nós temos que ter a 
capacidade de segurar esse povo, mas na competência. Agora, vamos dar 
chance para eles estudarem e poderem evoluir, ir para frente e ganhar o 
seu dinheiro.
 Pois não, Deputado Edinho.
 
 O Sr. Edinho Araújo - Sr. Deputado Sandro Mabel, quero
 cumprimentar V.Exa. por trazer esse tema para o debate natribuna desta 
Casa. V.Exa. é um homem experiente e tem inúmeros exemplos para trazer a
 todos nós aqui na Câmara dos Deputados. Eu tive a honra de ser Prefeito
 de São José do Rio Preto em dois mandatos. Vivenciei a relação com os 
funcionários públicos e também com as empresas terceirizadas. Tive boas e
 más experiências nesse setor. Considero, portanto, que esse tema estána
 Ordem do Dia e V.Exa., de forma oportuna, com a autoridade que tem, 
traz a debate de todos nós.
 Portanto, como integrante da sua bancada, o PMDB, venho aqui 
cumprimentá-lo. Nós precisamos buscar caminhos que visem ao bem-estar do
 trabalhador brasileiro e a sua qualificação profissional. Isso faz com 
que tenhamos, cada vez mais, uma sociedade mais feliz. Parabéns!
 
 O SR. SANDRO MABEL - Muito obrigado.
 
 Pois não, Deputado Arnaldo Jardim.
 
 O Sr. Arnaldo Jardim - Deputado Sandro Mabel, quero 
falar de minha imensa alegria de poder ouvir o pronunciamento de V.Exa. 
Eu tenho o privilégio de poder chamá-lo de conterrâneo, originários que 
somos da nossa Ribeirão Preto, de onde V.Exa. saiu, foi em busca do 
Goiás, e conseguiu empreender essa trajetória de realização pessoal, que
 V.Exa. complementa aqui, com uma atuação destacada, em nosso 
Parlamento, de liderança. Eu partilho daquilo que tenho tido o 
privilégio de algumas vezes conversar com V.Exa., que é lamentar os 
limites e o ritmo que nós temos tido no Parlamento. Na invasão que 
houve, ontem, aqui — de um lado, da PEC 300; do outro lado, daqueles que
 discutiam o veto —, tivemos mais uma evidência da fragilidade de que 
nós, como Poder, nos constituímos. Estamos presos ao ritmo ditado pelo 
Executivo; primeiro, pelas medidas provisórias; depois, estamos presos à
 dinâmica de uma somatória de pequenos assuntos, que, isoladamente, 
parecem legítimos, mas que não casam, dentro de um projeto de Nação. 
V.Exa. traz duas reflexões: sobre a questão tributária e sobre a questão
 da modernização das relações de trabalho. Isso, sim, molda um projeto 
de País. Eu gostaria de ver isso mais debatido aqui. Quero reconhecer o 
papel vanguardeiro e proativo que V.Exa. tem, e saudá-lo por isso, além 
de levantar esses e outros temas com profundidade, o que significa o 
exercício da função parlamentar em seu sentido mais profundo, mais digno
 e mais abrangente. Parabéns, conterrâneo!
  
 O SR. SANDRO MABEL - Muito obrigado, Deputado, meu conterrâneo.
 
 Concedo um aparte ao Deputado Mário Feitoza.
 
 O Sr. Mário Feitoza - Deputado Sandro Mabel, estava 
ouvindo atentamente as suas palavras do meu gabinete e procurei o quanto
 antes chegar ao plenário para saudá-lo. Já o conheço bastante pela sua 
caminhada, quer dizer, jáo conhecia muito durante toda essa sua 
caminhada, apesar de ser estemeu primeiro mandato; e, ao chegar aqui, 
fizemos uma belíssima amizade. Eu vi o conteúdo e a qualificação de 
todos os assuntos de que V. Exa. trata, com quem V. Exa. trata e a forma
 com que conduz. E agora traz esse tema da terceirização, de extrema 
qualidade e qualificação, em um momento oportuno, por vários motivos que
 hoje estamos passando no Brasil. Fico feliz por V.Exa. estar abraçando 
essa bandeira. Temos certeza de que temos um lutador ferrenho. Estaremos
 sempre abraçando com V.Exa. esta causa, porque tudo que V.Exa. abraça, 
abraça com qualificação, com qualidade, com conteúdo. E com esta força 
que V.Exa. traz, tenho a certeza de que os terceirizados terão a voz 
muito forte dentro deste Congresso. Muito obrigado pela atenção e 
parabéns pelo seu pronunciamento.
 
 O SR. SANDRO MABEL - Obrigado, Deputado Mário Feitoza.
 
 Sr. Presidente, já concluindo, gostaria de, por fim, pedir a todos os 
nossos Deputados, aos Deputados, principalmente, que, no primeiro 
momento, Missionário, fazem parte da Comissão de Constituição e Justiça e
 de Cidadania, para que olhem com atenção. Se tiverem dúvida, 
consultem-nos, consultem o Deputado Arthur Oliveira Maia, que é o 
Relator. V.Exas. vão ver que é um projeto que protege o trabalhador e, 
ao mesmo tempo, distensiona a relação trabalhista e cria uma legislação 
para esses 15 milhões de trabalhadores que estão aí largados.
  
 Por outro lado, cria uma eficiência para a indústria nacional, para 
diversos segmentos, para o comércio, para que se possa oferecer melhores
 serviços a preços melhores.
 
 Portanto, eu peço a V.Exas. para que nos ajudem nessa votação do dia 4,
 porque ela é importante para o Brasil, é importante para o trabalhador,
 é importante para o desenvolvimento.
 
 Deus abençoe a todos!
 Muito obrigado, Presidente, pela oportunidade.