sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011

Abdiquei do poder para discutir o poder

Nos últimos dias, participei de uma intensa discussão sobre o verdadeiro significado do legislativo, especificamente da Câmara dos Deputados. Me afastei da liderança do meu partido, consequentemente de todas as prerrogativas que a função oferece, para me dedicar a um debate profundo da realidade do parlamento e o papel que tem desempenhado junto à sociedade. Deixei pra trás muitas vantagens. Abdiquei do poder para discutir o poder.

Durante todo o processo, sofri pressão, e muita pressão, para não seguir adiante na disputa pela presidência da Casa. Recebi ofertas, mas também ameaças. Com objetivos definidos, suportei até o fim por entender que a melhor forma de tornar a Câmara Federal mais qualificada é enfrentando os seus próprios problemas.

Fomos eleitos para representar a população, com os seus sonhos e desejos. Fomos eleitos para discutir e votar os grandes projetos que a sociedade reivindica. Mas o parlamento vem se transformando em uma instituição subserviente, o que é lamentável. A minha candidatura não foi colocada contra os outros poderes constituídos, e sim como uma forma de valorizar a atividade dos deputados e para mostrar que o povo de Goiás tem que ser valorizado.

Não fui contra o Executivo e o Judiciário, mas era preciso firmar posição de que ao Congresso Nacional foi delegada uma missão gloriosa e que ao longo do tempo vem sendo sufocado por ingerência de outros. Somos pilar da democracia. Temos responsabilidades de ajudar a construir esse País, de mudar os destinos da Nação. Somos a voz daqueles que clamam por uma sociedade mais justa.

O deputado está sempre em contado com a população e sabe das dificuldades de cada município. Através do seu trabalho, tem condições de levar os benefícios que as cidades necessitam, que podem melhorar a vida da nossa gente. É triste, no entanto, que membros do governo não reconheçam o verdadeiro significado das emendas parlamentares e decidam por cortá-las sem imaginar o mal que fazem à população que sofre com a falta de atendimento básico.  

O Brasil espera a votação de projetos essenciais, como as reformas tributária e política. Mas elas não andam no Congresso porque quem pauta é o executivo. Enquanto isso, o povo continua com uma das cargas tributárias mais altas do mundo e um sistema político deficitário.

Como relator da reforma tributária, percorri o País para discutir com técnicos dos governos estaduais e representantes da sociedade um novo modelo para o Brasil, capaz de reduzir os impostos de quem ganha menos e fortalecer o setor produtivo, responsável por gerar emprego e renda.

Temos uma Câmara dos Deputados aquém no atendimento dos anseios da sociedade e que por isso deve passar por profundas modificações. Como casa do povo, deve ser autônomo, transparente e co-responsável pelos avanços que a população exige e não viver a reboque. Por essas e outras, é que propusemos a disputar a eleição para a presidência, sempre acreditando que vale a pena lutar. Pela defesa dos recursos para o nosso Estado e municípios, que são dependentes de verbas federais para realizar suas obras, é que enfrentamos o poder. Mostramos para o Brasil que é preciso mudar a forma de se fazer política.

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