A reforma política é necessária. Mas antes de se falar em reforma
política é preciso, de forma urgente, votar a Reforma Tributária. Só
assim vamos conseguir uma reestruturação funcional do nosso país.
A voz que ganhou as ruas nos últimos dias precisa ser ouvida. Ela quer
saúde, educação, segurança. E de onde vem o dinheiro que vai garantir
tudo isso? Dos impostos, taxas e outros tributos arrecadados dos
contribuintes e que bancam esses serviços públicos.
Mas é preciso que esse dinheiro seja arrecadado de forma justa,
transparente, dando equilíbrio social. Ou seja, quem ganha mais,
contribui mais; quem produz e gera empregos, recebe incentivos fiscais.
Tudo dentro de uma lógica igualitária e de uma legislação moderna e
eficaz. Segundo relatório da ONU, enquanto a camada mais pobre da
população brasileira paga o equivalente a 46% de sua renda em impostos, a
camada mais rica destina apenas 16%. Temos que mudar essa realidade.
A última grande reforma tributária brasileira é de 1965. Depois da
Constituição de 1988 tivemos algumas tentativas de reforma, mas ela
sempre aconteceu de forma fatiada, pouco significativa. É por esse
motivo que acredito que o governo federal erra ao tentar, mais uma vez,
fatiar a reforma tributária. Fui relator do projeto da reforma e posso
dizer: ele já está pronto, completo, deve ser votado como um todo,
beneficiando os mais pobres, baixando impostos e simplificando a vida
dos empresários. O fatiamento da proposta impede o resultado e a sujeita
ao fracasso.
Acredito que apenas com uma reforma responsável, completa, que atenda
os interesses da nação, vamos viabilizar o caminho para responder a voz
que está nas ruas. Podemos reduzir a carga tributaria sem comprometer a
trajetória de desenvolvimento do nosso país. Podemos ter impostos
justos, diminuindo a sonegação, aumentando a eficácia do poder público.
O gigante acordou, mas agora ele precisa agir. Conto com a pressão
popular para votarmos a reforma tributária e assim garantirmos recursos
para transformar nosso país.